Tagged: poder

Animais superpoderosos

O menininho estava hipnotizado pelo livro há tempos. Passava dias e noite vendo as gravuras dos animais impressos naqueles papéis.

Fora presente de seu pai no último aniversário e, até agora, ele mantinha os exemplares em seus braços.

Seu vô se aproximou. Fitou o garoto que não esboçava uma única reação, a não ser os olhos brilhando página a página.

– Meu garoto, você ainda não largou esses livros? Sobre o que fala? – perguntou seu avô.

– Não, vovô. Ainda estou vendo as figuras dos animais.

– Entendi. O vovô já deu um desses ao seu pai. Ele pegou gosto por biologia graças a eles.

– Vovô, o senhor pode ler pra mim sobre os animais?

– Claro, senta aqui.

Eis que o menino sentou no encosto da cadeira de seu vô, que começou a ler.

– Aqui diz que os guepardos são os animais mais rápidos do mundo. Chegam a correr a 120 quilometros por hora na hora de caçar.

– Puxa vida! – disse o menino estupefato.

– Deixe-me ver aqui – o velho senhor disse enquanto folheava as páginas do livro. – ah, sim, as najas possui grandes presas para injetar venenos em suas vítimas. Algumas podem até cuspir com precisão nos olhos.

– Nossa! Continue, vovô.

– As aves de rapina mergulham com precisão e atacam sua presa com suas poderosas garras. Depois, elas usam seus bicos curvados pala dilacerar a carne.

Eis que o menino abaixa a cabeça e fica cabisbaixo.

– O que houve, meu neto? – perguntou o velho.

– Ah, vovô. Veja isso. Todos os animais tem essa espécie de super poderes. Super-garras, super-velocidade, troca de cores, como os camaleões. Nós não temos nada.

– Ah, mas que bobagem – interrompeu o velho- lógico que temos. Venha  ver.

O velho levou seu neto até a sacada do apartamento e apontou para todos aqueles prédios, luzes, aviões no céu e disse:

– Veja tudo isso que construímos. Grandes prédios, aviões, shoppings. O computador que você aqueles seus joguinhos. Tudo isso é fruto do maior super poder que existe: a inteligência humana.

– O senhor tem razão, vovô. Acho que tudo isso realmente é o melhor poder de todos.

– Mas, não se iluda, meu neto. A inteligência humana é algo extremamente fantástico, mas, infelizmente, não são todos os humanos que tem capacidade de usá-lo para o bem.

– O senhor tem razão – disse o menino chateado.

– Enfim, não fique chateado, meu caro. Os poucos que sabem usá-la podem ajudar a construir um mundo melhor. Agora, que tal um refrigerante? O Vovô paga.

– Eba!